FALAR EM LINGUÁS
" Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar.De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados.E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles.Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. " At 2:1-4
PRATICAMENTE, cada geração da
cristandade tem testemunhado o desenvolvimento de algum novo movimento (bom ou
ruim) dentro de suas fileiras. Os apóstolos tinham que guardar a verdade contra
os judaizantes e o progredir do gnosticismo incipiente. A era pós-apostólica
estava cheia da controvérsia e do desenvolvimento de novos "ismos" –
Docetismo, Cerintianismo, Eutiquianismo, Nestorianismo, Sabelianismo, Arianismo
etc. Agostinho lutou contra o Pelagianismo. Mesmo o período da Idade Média viu
a atividade dos anabatistas e a instituição das várias ordens católicas romanas
(Agostinianos Dominicanos, Franciscanos, Jesuítas etc.).
No século XVI eclodiu a poderosa Reforma Protestante, com os
desenvolvimentos subsequentes dos maiores grupos eclesiásticos (Luteranos,
Reformados, Anglicanos, Presbiterianos) e dos menores dissidentes. Mais tarde,
a cristandade americana contribuiu com muitos grupos distintos – Mórmons,
Campbellitas, Testemunhas de Jeová Adventistas do Sétimo Dia etc. O século
vinte também tem testemunhado sua parte de novos desenvolvimentos. Um
movimento-chave tem sido o Pentecostismo, com sua ênfase sobre o Espírito Santo
e dons espirituais. O próprio Protestantismo Americano ficou dividido em grupos
liberais e fundamentalistas, que resultaram na formação de novas denominações.
O velho liberalismo logo cedeu lugar ao surgimento da neo-ortodoxia e do
neo-liberalismo. Também ele promoveu o movimento ecumênico, com seu alvo final:
a união com a Igreja Católica Romana. Até o Protestantismo conservador não
permaneceu estagnado. Hoje em dia, ele está dividido em fundamentalismo e o
novo evangelismo.
Agora, o
movimento mais recente no cenário cristão americano é o reavivamento
carismático ou o novo Pentecostismo, dando ênfase especial à cura milagrosa e
ao falar línguas estranhas. Em menos de dez anos de existência, ele tem
produzido um impacto profundo sobre a vida eclesiástica de todas as
denominações. Visto ser um movimento contemporâneo, compete a cada cristão
conhecê-lo quanto a sua natureza básica e examiná-lo à luz das Escrituras.
A Importância Deste
Estudo
O simples fato
de o fenômeno de falar línguas estranhas ou glossolalia (proveniente do grego glossa, língua e laleo, falar) se achar na Bíblia deve ser causa suficiente para
merecer uma plena investigação. O fenômeno é mencionado em três livros: Marcos,
Atos e I Coríntios. Como uma parte mui expressiva da vida da igreja primitiva,
está sempre relacionado com o ministério do Espírito Santo. Foi uma evidência
da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes (At. 2:1-4) e da recepção
inicial do Espírito em pelo menos dois casos (At. 10:44-48; 19:1-7). O falar em
línguas estranhas foi também um dom espiritual exercido pela igreja em Corinto
(I Cor. 12-14). Uma compreensão da natureza e dos propósitos de tais fenômenos
nos tempos bíblicos é, portanto, imprescindível para cada crente.
O crescimento
rápido do Pentecostismo no século vinte também contribuiu para a importância
deste estudo. A revista Time o
classificou como a "igreja que mais cresce no hemisfério". (1) Life a considerou como
"a terceira força", igual, em significação, ao Catolicismo Romano e
ao Protestantismo histórico. (2) O Dr. Henry P. Van Dusen, ex-reitor
do Union Theological Seminary
(New York), pensava que o movimento Pentecostal, com sua ênfase sobre o
Espírito Santo, fosse "uma revolução comparável, em importância, ao
estabelecimento da Igreja Apostólica original e com a Reforma
Protestante". (3) Tais declarações
assumem ainda maior significação quando se reconhece que o falar em línguas
estranhas é a "doutrina mais saliente e talvez a característica mais
espetacular do Movimento Pentecostal". (4)
Este ponto importante do Protestantismo não pode ser desprezado; pelo
contrário, deve ser inteiramente compreendido.
Menos de vinte
anos atrás, Brumback confessou: "Vamos encarar os fatos: o falar em
línguas estranhas não é aceito em parte alguma, senão no Movimento
Pentecostal." (5) Hoje em dia não se
pode dizer isso, porque o falar em línguas estranhas está sendo admitido agora como
uma parte da vida normal, tanto pessoal como na igreja, entre batistas,
episcopais, luteranos, metodistas, presbiterianos e até católicos. Essa erupção
de línguas entre as denominações históricas tem sido chamada a Nova Penetração,
o Novo Pentecostismo, a Renovação (ou Reavivamento) carismática e o movimento
moderno de línguas. Tanto igrejas, escolas, juntas de missões liberais e
conservadoras como publicações têm sentido o impacto desse novo movimento, que
tem sido tão largamente difundido que até os meios seculares de comunicação
(rádio, televisão, jornais e revistas) têm-lhe dispensado atenção. Assim,
torna-se importante para cada crente compreender a natureza dessa nova
manifestação de glossalália.
A pesquisa para
esta obra centralizou-se no estudo pessoal da Bíblia, em teologia e comentários
padrões e em publicações contemporâneas (revistas e jornais). São raros os
livros que tratam desse fenômeno contemporâneo. Todas as citações das
Escrituras (nesta tradução do inglês) são da Revisão da Imprensa Bíblica
Brasileira e as palavras gregas, do Greek New Testament (Novum
Testamentum Graece), de Nestle.
Manoel Messias
(1) Time, LXXX
(2-11-1962), p. 56.
(2)
Life, XLIV (9-6-1958),
p. 113.
(3) Citado
por John L. Sherrill, They Speak With Other Tongues (New York,
McGraw Hill Book Company, (1964), p. 27.
(4) Carl Brumback, What
Meaneth This? (Springfield, Mo.: The Gospel Publishing House, 1947), pp. 99, 147.
(5) Ibid.,
pp. 175 e 176.
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