AS VIAGENS DE PAULO
A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE SAULO (POR VOLTA DE
48 D.C.) ANÁLISE
Trabalho pesquisa para elaboração de tese sobre a
biografia do Apostolo Paulo
Prof. Manoel Messias
Materia: Teologia Bíblica 2
Antes
de nos ocuparmos com os apóstolos em sua viagem, cabe aqui uma observação sobre
como as coisas mudaram. Eles partiram, devemos observar, não do velho centro,
Jerusalém, mas da Antioquia, uma cidade de gentios. Isto é significativo.
Jerusalém e os doze perderam a posição quanto à autoridade e poder para com o
exterior. O Espírito Santo chama a Barnabé e Saulo para a obra, os prepara para
isto, e os envia, sem a jurisdição dos doze.
Não
será de esperar que em um livro, cujo conteúdo se propõe a ser resumido,
possamos tomar nota dos vários eventos ocorridos nas viagens de Paulo. O leitor
os encontrará em Atos e nas Epístolas. Propomos meramente traçar um esboço e
dar destaque a determinados pontos de referência, pelos quais o leitor será
capaz de traçar, por si mesmo, as várias jornadas do maior dos apóstolos - o
maior dos missionários - o maior dos obreiros que já viveu, com exceção do
bendito Senhor. Mas em primeiro lugar, gostaríamos de observar seus
companheiros e seu ponto de partida.
Barnabé
foi, por algum tempo, o companheiro mais próximo de Saulo. Ele era um levita da
ilha de Chipre. Ele tinha sido chamado logo no início da história da igreja
para seguir a Cristo, e "possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o
preço, e o depositou aos pés dos apóstolos." (Atos 4:37). Comparando sua
liberalidade com o belo testemunho que o Espírito Santo dá sobre ele, ele
permanece diante de nós com um amável e requintado caráter. E, a partir de seu
apego a Paulo desde o início, e de sua cordialidade em apresentá-lo aos outros
apóstolos, podemos julgar que ele era mais franco e tinha um coração maior do
que aqueles que tinham sido treinados na estreiteza do judaísmo; mas
faltava-lhe ainda, quanto ao serviço, o rigor e a determinação de seu
companheiro Saulo.
João
Marcos era um parente próximo de Barnabé - "o sobrinho de Barnabé"
(Colossenses 4:10). Sua mãe era uma certa Maria que morava em Jerusalém, e cuja
casa parece ter sido um local de reunião para os apóstolos e primeiros
cristãos. Quando Pedro foi liberto da prisão, ele foi direto para "a casa
de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos" (Atos 12:12).
Supõe-se que ele tenha sido convertido por meio de Pedro, pois depois Pedro
fala dele como "meu filho Marcos" (1 Pedro 5:13)
A
partir disso aprendemos que ele não era nem um apóstolo nem um dos setenta -
que ele não havia acompanhado o bendito Senhor durante Seu ministério público.
Mas podemos supor que ele estava ansioso para servir a Cristo, pois se uniu a
Barnabé e Saulo, embora mais tarde pareça que sua fé não era páreo para as
dificuldades da vida missionária. "E, partindo de Pafos, Paulo e os que
estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles,
voltou para Jerusalém." (Atos 13:13). Supõe-se que Marcos tenha escrito
seu Evangelho por volta do ano 63 d.C.
A
Antioquia, a antiga capital dos selêucidas, foi fundada por Seleuco Nicator por
volta de 300 a.C. Foi uma cidade que só ficava atrás de Jerusalém no que diz
respeito ao início da história da igreja. O que Jerusalém tinha sido para os
judeus, a Antioquia era agora para os gentios. Era um ponto central. Nessa
época ocupava um lugar de grande importância na propagação do cristianismo
entre os pagãos. Aqui a primeira igreja gentia foi plantada (Atos 11:20,21).
Aqui os discípulos de Cristo foram primeiramente chamados de cristãos (Atos
11:26). E aqui nosso apóstolo começou seu trabalho ministerial público.
Retornemos
agora à missão.
Barnabé
e Saulo, com João Marcos como auxiliar no ministério, são então enviados pelo
Espírito Santo. Os judeus, em virtude de sua conexão com as promessas, tiveram
o evangelho primeiramente pregado a eles; mas a conversão de Sérgio Paulo
marca, de maneira especial, o início do trabalho entre os gentios. Também marca
uma crise na história do apóstolo. Aqui seu nome é mudado de Saulo para Paulo;
e agora - com exceção de Jerusalém (Atos 15:12-22) - não vemos mais
"Barnabé e Saulo", mas sim "Paulo e os que estavam com ele"
(Atos 13:13). Ele toma a dianteira; os outros são apenas aqueles que estão com
Paulo. Mas o cenário tem ainda um caráter típico.
O
procônsul era, evidentemente, um homem prudente e pensativo, e sentiu a
necessidade de sua alma. Ele chama a Barnabé e a Saulo, e deseja ouvir a
Palavra de Deus. Mas Elimas, o encantador, resiste a eles. Ele sabia bem que,
se o governador recebesse a verdade que Paulo pregava, ele perderia sua
influência na corte. Ele, portanto, procura afastar o deputado da fé. Mas
Paulo, em dignidade consciente e no poder do Espírito Santo, "fixando os
olhos nele" (Atos 13:9), e em palavras de mais fulminante indignação, o
repreende na presença do governador. "Ó filho do diabo, cheio de todo o
engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de
perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora contra ti a mão do
Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a
escuridão e as trevas caíram sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o
guiasse pela mão. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu,
maravilhado da doutrina do Senhor." (Atos 13:10-12). O poder de Deus
acompanha a palavra de Seu servo, e a sentença pronunciada é executada no mesmo
instante. O deputado fica tomado pela glória moral da cena, e se submete ao
evangelho.
"Eu
não duvido", disse alguém, "que neste miserável Barjesus (Elimas)
vemos uma figura dos judeus no tempo presente, acometidos de cegueira por algum
tempo, por causa dos ciúmes da influência do evangelho. A fim de preencher a
medida de sua iniquidade, eles resistiram à pregação do evangelho aos gentios.
A condição deles é julgada; sua história é dada na missão de Paulo. Em oposição
à graça e buscando destruir seus efeitos sobre os gentios, eles foram
acometidos de cegueira; no entanto, apenas por um tempo." *
(*
Synopsis of the Books of the Bible, volume 4, página 53,54. [Segunda Edição,
Janeiro de 1950])
Durante
essa primeira missão entre os gentios, um grande e abençoado trabalho foi
feito. Compare Atos 13 e 14. Muitos lugares foram visitados, igrejas foram
plantadas, anciãos foram nomeados, a hostilidade dos judeus manifestada, e a
energia do Espírito Santo demonstrada no poder e progresso da verdade. Em
Listra, o cristianismo foi confrontado, pela primeira vez, com o paganismo; mas
em todo lugar o evangelho triunfa, e os vários dons de Paulo como obreiro
aparecem de maneira abençoada. Seja ao abordar os judeus, que conheciam as
Escrituras, ou bárbaros ignorantes, ou cultos gregos, ou multidões enfurecidas,
ele prova ser um vaso divinamente escolhido para sua grande obra.
A
Antioquia, na Pisídia, merece atenção especial pelo que aconteceu na sinagoga.
Embora haja uma grande semelhança no discurso de Paulo comparado aos de Pedro e
Estêvão nos primeiros capítulos de Atos, ainda podemos notar certos toques
estritamente paulinos em seu caráter. Seu estilo conciliador de abordagem, o
modo como ele apresenta a Cristo, e sua ousada proclamação de justificação pela
fé somente, podem ser consideradas como típicas de suas póstumas abordagens e
Epístolas. Nenhum dos escritores sagrados fala da justificação pela fé como
Paulo fala. Seu apelo final tem sido um texto evangelístico favorito de muitos
pregadores em todas as eras. Em poucas palavras, ele afirma a bem-aventurança
de todos que recebem a Cristo, e a terrível desgraça daqueles que O rejeitarem,
provando assim que não poderia haver um meio-termo ou terreno neutro quando
Cristo está em questão. "Seja-vos, pois, notório, homens irmãos, que por
este se vos anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de
Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que
crê. Vede, pois, que não venha sobre vós o que está dito nos profetas: Vede, ó
desprezadores, e espantai-vos e desaparecei; porque opero uma obra em vossos
dias, obra tal que não crereis, se alguém vo-la contar." (Atos 13:38-41)
Tendo
sido cumprida a missão deles, eles retornam à Antioquia na Síria. Quando os
discípulos ouviram o que o Senhor tinha feito, e que a porta da fé foi aberta
aos gentios, eles deviam apenas louvar e bendizer Seu santo nome. Devemos agora
retornar, por um momento, a Jerusalém.
O
efeito da primeira missão de Paulo sobre os discípulos em Jerusalém levou a uma
grande crise na história da igreja. O ciúme e a mente farisaica estava tão
excitada que uma divisão entre Jerusalém e Antioquia foi ameaçada naquele
período inicial da história da igreja. Mas Deus governou em graça, e o problema
quanto à Antioquia foi felizmente resolvido. Mas o fanatismo dos crentes judeus
era insaciável. Na igreja em Jerusalém eles ainda conectavam ao cristianismo os
requisitos da lei, e procuravam impor esses requisitos aos crentes gentios.
Alguns
dos cristãos judeus de cabeça mais fechada desceram à Antioquia, e asseguraram
aos gentios que, a menos que eles fossem circuncidados segundo o costume de
Moisés, e que guardassem a lei, eles não poderiam ser salvos. Paulo e Barnabé
não tiveram pequena discussão e contenda com eles; mas como era uma questão
muito pesada para ser resolvida pela autoridade apostólica de Paulo, ou por uma
resolução da igreja em Antioquia, foi decidido que uma delegação deveria subir
à Jerusalém e pôr a questão diante dos doze apóstolos e dos anciãos. A escolha
de quem deveria levar a questão, naturalmente, caiu sobre Paulo e Barnabé, já
que tinham sido os mais ativos na propagação do cristianismo entre os gentios.
PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO
1. INTRODUÇÃO
• Em sua primeira viagem, Paulo e Barnabé
partindo da cidade de Antioquia da Síria desceram até a Seleucia, distante 25km
de Antioquia da Síria, de onde navegaram 208 km até o Porto de Salamina, extremidade
Oriental da Ilha de Chipre que ficava localizada na parte Leste do Mar
Mediterrâneo.
• De Salamina, eles atravessaram a ilha
até Pafos, a capital da província, distante 144km a Sudeste. Deus já havia
criado as condições favoráveis à pregação do evangelho.
Esta
ilha era a terra natal de Barnabé e era um campo adequado para a obra
missionária, pois tinha grande população judaica. Alguns anos antes, o
evangelho já havia sido pregado ali (At 11.19,20) com algum sucesso.
2. DESENVOLVIMENTO
O Espírito Santo deu ao apóstolo, uma
estratégia de em toda cidade aonde chegar, pregar o evangelho primeiramente nas
sinagogas, fato que se tornou uma marca do trabalho missionário de Paulo (At
13. 14,42,43; 14.1; 17.1,10; 18.4,19; 19.8).
Como
a ilha era habitada por gregos e judeus, os apóstolos, primeiro pregavam aos
judeus e depois aos gregos (Rm 1.16).
Em
Pafos, um judeu mágico, falso profeta chamado Bar-Jesus At 13.6), não permitia
que o Procônsul, que era a autoridade máxima da Ilha, ouvisse o evangelho.
Paulo repreendeu aquele filho de Belial e o Procônsul aceitou a Cristo como
Salvador (At 13.6).
• De Pafos eles navegaram para a cidade
dePerge, capital da província da Panfília, no Sul da Ásia Menor. Paulo já tinha
pregado o evangelho na Silícia, quando se converteu a Cristo, e voltou para
Tarso (At 9.30), de onde Barnabé o trouxe para a Antioquia da Síria (At
11.25,26).
Paulo
desembarcou emAtália, porto marítimo de Perge, de onde João Marcos voltou para
casa e Paulo e Barnabé prosseguiram viagem paraAntioquia da Psídia, que ficava
na Frígia, mas muito perto da Panfília, a 160 km ao norte de Perge e 1.100m
acima do nível do mar, às margens de uma importante estrada romana.
Em
Antioquia da Psídia uma grande multidão creu e aceitou a Cristo, mas os judeus
tomados de inveja expulsaram a Paulo e Barnabé.
Ali
os dois apóstolos notaram que como os judeus estavam rejeitando a Cristo, Deus
os estava enviando aos gentios. Quando os gentios ouviram isto, glorificaram ao
Senhor (At 13.44-51).
• De Icônio eles foram para Listra e
Derbe. Estas duas cidades junto com Icônio pertenciam a província romana da
Galácia.
Em
Listra, Paulo e Barnabé dirigiram-se a uma audiência puramente pagã, quando
Deus curou um aleijado
O
povo tentou adorar a Paulo e Barnabé, porque diziam: os deuses se fizeram
homens e baixaram a nós (At 14.8-18).
Depois
destes milagres, judeus vindos de Antioquia da Psídia e de Icônio, juntaram-se
em Listra e instigaram as multidões contra Paulo e apedrejaram o apóstolo.
Julgando que ele estivesse morto o lançaram fora da cidade (At 14.19).
No
outro dia, os crentes ajudaram a Paulo e Barnabé e os levaram para Derbe, uma
cidade de fronteira Licaônica, na parte sudeste da Galáxia, 80 km a Sudeste de
Listra.
Nesta
primeira viagem missionária de Paulo ocorrera com grande sucesso. Milhares de
pessoas aceitaram a Cristo. Deus abrira a porta da fé aos gentios e eles
tiveram acesso às bênçãos do evangelho (1 Co 16.9; 2 Co 2.12; Cl 4.3).
Inclusive,
deixando os judaizantes enciumados. “Os gentios devem cumprir a lei para a
salvação” (At 15.1-5).
No
entanto, eles desconheciam que a salvação dos gentios era o cumprimento das
promessas de Deus feitas a Abraão de através dele, abençoar todas as nações.
Os
relatórios da viagem dos apóstolos Barnabé e Paulo na igreja da Antioquia,
foram recebidos com muita alegria, porém começava a surgir uma grande ameaça
dentro da própria igreja.
Muitos,
vindos da Judéia, ensinavam aos irmãos que deviam se circuncidar (At 15.1), e o
argumento era muito forte, pois a circuncisão era uma exigência perpétua (Gn
17.9-14). Jesus foi circuncidado e nunca falou contra a circuncisão.
3.
CONCLUSÃO
Concílio
de Jerusalém
Foi
então organizado em Jerusalém, um Concílio para se discutir a questão da
circuncisão e da guarda da Lei de Moisés pelos crentes gentios, como queriam
alguns da seita dos fariseus, que tinham crido no evangelho e diziam que era
mister circuncidar todos os gentios que haviam recebido a Cristo como Salvador,
e também obrigá-los a guardar a Lei de Moisés (At 15.1-6).
Paulo
e Barnabé foram enviados pela igreja de Antioquia da Síria ao Concílio de
Jerusalém para expor aos apóstolos o que Deus vinha operando entre os gentios.
Naquela reunião de Jerusalém, a igreja decide que a circuncisão já não é necessária.
O
Espírito Santo guia e dirige os assuntos desta importante reunião, da qual
Lucas dá um relato completo, conforme podemos observar:
1. Introdução do tema da circuncisão em
Antioquia (At 15.1,2).
2. O conflito em Jerusalém (At 15.3-5).
3. Os discursos (At 15.5-21).
4. A carta do Concílio aos crentes gentios
(At 15.22-29)
5. O relatório para a igreja (At 15.30-35).
SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (por volta de 51
d.C.)
INTRODUÇÃO
Prosseguindo
o estudo das viagens missionárias de Paulo, apresentaremos uma visão panorâmica
dos resultados alcançados na primeira e segunda viagens e como o evangelho
chegou na cidade de Éfeso, onde Paulo estabeleceu sua base missionária para
evangelização da região da província da Ásia menor, da Frígia, Psídia,
Panfília, Bitínia, Capadócia, Galácia, Macedônia e Acaia e como se propagou em
pouco tempo chegando na Trácia, no Ponto, Ilíria, Itália, Ilha de Chipre, Ilha
de Creta e até mesmo na Espanha.
O
apóstolo Paulo chegou à Macedônia, nesta sua segunda viagem, acompanhado de
Silas que tinha seguido com ele desde Jerusalém (At 15.40), o jovem Timóteo,
que se juntara à comitiva em Listra (At 16.1-3), e Lucas o médico amado que se
uniu á comitiva missionária em Trôade (At 16.10,11).
Depois
de ser impedido pelo Espírito Santo de pregar o evangelho na província da Ásia
que ficava localizada no Oeste da Ásia Menor e incluía a cidade de Éfeso onde
Paulo pretendia estabelecer uma base missionária, mas ainda não tinha chegado o
tempo de Deus.
Então,
o apóstolo pensava seguir viagem para a Bitínia
mas o Espírito de Deus o impede (At 16.6,7).
2. DESENVOLVIMENTO
PAULO CHEGA A REGIÃO FRÍGIO-GÁLATA
Não
podendo pregar o evangelho na Àsia e na província da Bitínia que ficava próxima
ao Mar Negro, a comitiva missionária
partindo de Listra, seguiu para Noroeste.
Circundando
o território da Ásia Menor, passaram próximo ao território da Bitínia e se
voltaram para Oeste. Contornaram a Mísia e chegaram à Trôade, na Costa do Mar
Egeu, cidade próxima da antiga e lendária Tróia.
Em
Trôade, através de uma visão á noite, um homem macedônio rogou a Paulo que para
que fosse à sua terra, Macedônia, para o ajudar. Paulo e Silas entenderam que
Deus os chamava para pregar o evangelho na Macedônia (At 16.9,10).
LUCAS O MÉDICO AMADO JUNTA-SE Á COMITIVA
Acompanhados
por Lucas, natural da região, chegaram á Macedônia.
Paulo
seguiu pela via Ignácia de Filipos até Tessalônica.
E
poderia ter continuado por ela em direção Oeste, pois era para Macedônia que
ele fora chamado para pregar o evangelho e a Via ignácia atravessava a
Macedônia até o Mar Adriático e terminava no Porto de Dirrácio.
Saindo
de Tessalônica, Paulo deixou a estrada principal e se dirigiu á Beréia que
ficava ao Sul.
A
cidade de Beréia era chamada por Cícero de “oppidum devium”que significa “fora
do caminho”. Embora as circunstâncias obrigassem a Paulo seguir para Beréia,
pois ele foi levado pelos seus amigos. A intenção dele era seguir pela Via
Ignácia de Leste ao Oeste, até Dirrácio, atravessar o Mar Adriático e chegar na
Itália e assim à Roma.
Sete
anos depois quando escreveu sua carta aos romanos, ele mencionou o seu desejo
de chegar até Roma, mas fora impedido (Rm 1. 13; 15.22).
PAULO EM BERÉIA
Na
Beréia os judeus ouviram-no de modo cortês e sem preconceitos, examinando as
Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram de fato como Paulo falava
em relação às profecias do Antigo Testamento.
Entretanto
aqueles que haviam criado dificuldades para Paulo em Tessalônica, vieram e
suscitaram semelhante agitação ali. Era aconselhável que Paulo saísse da
Macedônia até que até que a agitação na província se acalmasse.
Por
isso, os irmãos da Beréia o levaram até à Costa, o embarcaram em um navio e o
acompanharam até Atenas, que ficava na Província da Acaia. Passaram pela
Tessália entre Beréia e Atenas porque os irmãos entenderam que a Tessália não
oferecia segurança para Paulo (At 17.13-15).
O EVANGELHO NA ACAIA
Ao
chegar em Atenas, Paulo havia deixado para trás três congregações: Filipos,
Tessalônica e Beréia.
A
ida de Paulo à Macedônia não fora em vão. Paulo tinha certeza que se os
cristãos da Macedônia assumissem um compromisso sério com o evangelismo, a obra
de Deus poderia prosperar naquela região, o que se confirmou mais tarde. “Por
vós soou a Palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia mas também em
todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou” (1 Ts 1.8).
PAULO EM ATENAS
Após
sua chegada em Atenas ainda sentindo as marcas da perseguição que havia
enfrentado em Listra, Icônio, Antioquia da Pisídia, Filipos, Tessalônica e
Beréia, pela primeira vez Paulo não sofria perseguição ou violência física.
Mas
a frieza espiritual dos atenienses e sua indiferença para com a Palavra de
Deus, era mais difícil para Paulo que as dificuldades enfrentadas nas cidades
acima mencionadas.
Atenas
era uma das principais cidades da Grécia, considerada líder nas Artes e na
Filosofia. Nela havia os filósofos epicureus que criam que a felicidade e o
prazer eram o sumo bem da vida.
Em
sua análise, Paulo percebeu que os atenienses eram extremamente idólatras (At
17.16).
Lucas,
conta que Paulo via os templos, os altares e as imagens de Atenas, com os olhos
de quem foi criado dentro do monoteísmo judaico e do princípio de não fazer
imagens, segundo o decálogo.
O
que os levou a escrever: “As coisas que os gentios sacrificam, aos demônios as
sacrificam, e não a Deus” (1 Co 19.20).
E
acrescenta: “Outros mudaram a glória de Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível ou qualquer outra coisa....” Rm 1.23-25).
Atenas
fora para Paulo bem menos encorajadora do que as cidades da Macedônia.
Provavelmente, não estava no seu programa quando atravessou o Mar Egeu até à
Macedônia, virar para o Sul para a província da Acaia.
Mas
ele foi correndo de uma cidade da Macedônia para outra, como se não houvesse
lugar para ele naquela província.
Apesar
da certeza anterior de que Deus o chamara para pregar o evangelho na Macedônia,
sua pregação deixou muitos frutos.
Em
Filipos, tinha Lídia e Lucas. Em Tessalônica, Jasom, Aristarco e Secundo. Na
Beréia, tinha Sóprato, filho de Pirro.
O EVANGELHO EM CORINTO
Desde o ano 27 a.C. a
cidade de Corinto tinha se tornado a capital da província romana da Acaia e
ficava 80 km a Sudoeste de Atenas.
Corinto
estava localizada na Costa Ocidental de um ínstmo estreito que ligava a Grécia
Setentrional à Meridional. Esta estreita faixa de terra estava na rota marítima
entre a Ásia Menor e a Itália.
Corinto
oferecia muitas vantagens comerciais e estava situada entre os portos de
Cencréia e Lechauem. Paulo chega a Corinto cansado e com o espírito
quebrantado, provavelmente pelas experiências
nas cidades anteriores: Listra, Derbe, Icônio, Filipos, Tessalônica,
Beréia e Atenas.
Enquanto
Atenas era a capital da cultura, Corinto era a capital da depravação e uma das
cidades mais devassas da época.
Tinha
um porto de forte comércio com muitos marinheiros de diferentes regiões e
muitas atrações ao prazer e à licenciosidade.
Ali
estava o templo de Afrodite, com mais de mil prostitutas cultuais, que à noite
saíam dos templos, infiltrando-se na cidade com suas práticas abomináveis.
A
cidade era tão devassa, que o termo “korintianizomai” que significa agir como
um Corinto, tinha adquirido o sentido de “cometer fornicação”.
Apesar
da condição moral, foi nesta difícil cidade que o apóstolo Paulo organizou uma
das maiores igrejas do mundo gentílico.
Paulo
chegou na cidade de Corinto por volta
dos anos 50 d.C.
Corinto
tinha mais de duzentos e cinquenta mil habitantes livres e quatrocentos mil
escravos, segundo relato da Bíblia de King James, na introdução da Carta 1º.
Coríntios.
CORINTO SE RENDE À PALAVRA DE DEUS
Quando
Paulo chegou em Corinto, Deus já havia providenciado todas as condições
necessárias para a evangelização daquela cidade.
A
sua chegada em Corinto coincidiu com a saída dos judeus de Roma por um decreto
do Imperador Cláudio, expulsando a Colônia Judaica daquela cidade.
Paulo
encontrou um casal de judeus expulsos de Roma: Áquila e Priscila, sua esposa.
Ele era natural de Ponto, uma província no extremo Norte da Galácia e da
Capadócia às margens do Mar Negro, atual Turquia Oriental.
E
Priscila era natural de Roma. Tinham uma fábrica de tendas, onde Paulo arrumou
emprego para ganhar o seu sustento (At 18.1-2).
Por
esse tempo, Silas e Timóteo chegaram da Macedônia (At 18.5) e Deus teve um
encontro com Paulo, onde o Senhor lhe fala em visão: “Não temas, fala e não te
cales; porquanto eu estou contigo e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho
muito povo nesta cidade” (At 18.9-11).
Paulo
permaneceu em Corinto, um ano e seis meses.
O EVANGELHO PENETRA NA ALTA SOCIEDADE DE CORINTO
Neste
período de tempo, pessoas influentes daquela cidade começaram a aceitar Cristo
como Salvador.
A
primeira igreja coríntia foi na casa de Tito, o Justo, um dos homens mais
nobres daquela cidade, um gentio que aceitou a fé cristã na sinagoga.
Era
cidadão romano e pertencia a uma família nobre próxima do Imperador.
Acredita-se que ele era Gaio, que Paulo chama de meu hospedeiro (Rm 16.23; At
18.7).
Depois,
Jesus salvou Crispo, um dos principais da sinagoga a quem Paulo batizou, com
toda sua casa (At 18.8).
Em
toda sua vida, Paulo não teve amigos ou ajudantes mais leaIs do que Áquila e
Priscila. Mais tarde, quando escreveu sua carta aos romanos diz: “Saudai a
Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus. Os quais pela minha vida
expuseram suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço mas também todas as
igrejas dos gentios” (Rm 16.4,5).
PAULO SEGUE
PARA ÉFESO
Na
primavera do ano 52 a.C. Paulo deixa Corinto e com seus amigos Priscila e
Áquila, atravessa o mar Egeu e chega à Éfeso (At 18.1-9).
Como
de costume, inicialmente visitou a sinagoga e os judeus ficaram tão
impressionados com o que Paulo tinha a dizer que pediram para ouvir mais.
Porém
Paulo desculpou-se por causa de um compromisso em Jerusalém. Acredita-se que
ele devia estar em Jerusalém por ocasião da Festa da Páscoa ou Pentecostes (At
18.21).
Havia
se passado mais de dois anos que Paulo tinha partido de Jerusalém junto com
Silas.
Assim,
embarcou no Porto de Éfeso e viajou aproximadamente mil e trezentos quilômetros
até Cesaréia na Palestina, deixando em Éfeso, Priscila e Áquila para continuar
a obra que tinha começado.
De
Cesaréia ele seguiu um pouco mais de cem quilômetros até Jerusalém. Visitou a
igreja mãe e depois seguiu para o Norte até a Antioquia da Síria, sua Igreja de
origem, refazendo os contatos com os irmãos e amigos.
TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (por volta de 54
d.C.)
1. INTRODUÇÃO
Na
sua terceira viagem Paulo parte de Antioquia.
Após
permanecer alguns meses em Antioquia da Síria, Paulo levantou os olhos para os
campos brancos para a ceifa.
Estava
chegando o outono do ano 53 d. C. quando ele partiu por terra, com um destino
bem definido – Éfeso, uma das principais cidades da Ásia Menor.
Não
se sabe quem foi seu companheiro nesta viagem.
Barnabé
e João Marcos formaram uma segunda equipe missionária e foram para Chipre (At
15.39). Lucas, desde a metade da segunda viagem ficou para cuidar do trabalho
em Anfípolis e Filipos. Silas e Timóteo ficaram cuidando das igrejas na
Macedônia e Acaia.
Seguindo
para o Norte, acredita-se que Paulo tenha passado por Alexandria da Síria,
atual Iskenderun.
Depois.
curvando para o Oeste, seguindo pela estrada de Meposuestia, Adana e Tarso, sempre
confirmando as igrejas (At.18.23).
PAULO CHEGA NA REGIÃO DA FRÍGIA E DA GALÁCIA
Primeiramente
passou em Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia.
Nesta
caminhada para o Oeste, o apóstolo atravessou a região Frígio-Gálata que ele
tinha uns três anos antes atravessado com Silas e Timóteo (At 18.23).
Deixou
a estrada principal que seguia pelos Vales do Lico e do Meandro, seguiu por uma
estrada mais ao Norte, chegou a Éfeso pelo lado Norte do Monte Messogis, atual
Aydindaglari.
O
apóstolo Paulo chegou na cidade de Éfeso no fim do verão do ano 53 d.C. onde
ficou por quase três anos conduzindo a evangelização da própria cidade e da
província da Ásia. Sendo ajudado neste trabalho por vários companheiros, em sua
maioria, filhos na fé.
FRUTO DAS
VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO
Quando Paulo chega a Éfeso e estabelece sua base
missionária ali, os frutos da primeira e segunda viagens já surgiam com todo vigor.
Deus tinha levantado grandes homens, frutos do
trabalho evangelístico por onde ele passou.
Alguns
eram responsáveis pelas igrejas em suas cidades entre os quais, Epafras, que
evangelizou as cidades Frígia do vale do Lico, Colossos, Laodicéa e Hierápolis,
em um trabalho eficiente que Lucas diz que todos os habitantes da Ásia ouviram
o evangelho (At 19.10).
Na
Beréia, tinha Sóprato, filho de Pirro.
Em Tessalônica tinha Aristarco e Secundo.
De
Derbe, última cidade da primeira viagem missionária com o companheiro Barnabé,
tinha Gaio de Derbe, como era conhecido aquele obreiro.
Tíquico
e Trófimo da província da Ásia, sendo o último, um cristão gentil de Éfeso.
E
o que dizer de Timóteo originário de Listra, companheiro de lutas e de
sofrimento, homem fiel à toda
prova?
CONCLUSÃO
O
ministério de Paulo em Éfeso foi impressionante.
A
pregação do Evangelho por quase três anos provocou uma grande agitação na
cidade.
Uma
Igreja forte ficou organizada. Durante a sua existência, homens como Paulo,
Apolo, Timóteo e o apóstolo João foram seus líderes.
A
mensagem do evangelho abalou de tal maneira aquela cidade que a estrutura dos
adoradores e dos negociantes, nos negócios ligados à deusa Diana, foram afetados
(At 19.23-28).
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Trabalho de pesquisa para elaboração de tese sobre a biografia de Paulo
Prof.
Manoel Messias